Crendice, quem disse que o circo sumiu? Pergunta feita, vem o desafio do livro, que é responder à sua maneira que o circo está sempre em trânsito. Neste vaivém às vezes a gente se vê, às vezes, não. Esta peça vem, entre outras coisas, assoprar com ventarola esta brasa dormida: que não se perca de vista espírito circense: admire-se, espante-se. É a vida do artista, seja ele mambembe ou não. Olhos livres, portanto, é o que se recomenda. Colibri para os olhos. Um pouco também como o livreto, o circo enquanto banquete para os sentidos não acontece de fato enquanto não houver a presença do respeitável público. Então, cadê ele, o respeitável público? Marmelou-se? Que nada! Basta uma piscadela para que surja o bafejo da esperança. Vale a pena uma tenda erguida em um terreno baldio, em um pedaço de terra em qualquer rincão. Qualquer lugar é melhor que lugar nenhum. O circo já saiu do casulo, já seguiu a caravana, já encontrou novos caminhos. Pode entrar, pode folhear, se achegue, não tenha pressa nem receio. Leia: o leão é manso, está dormindo. O que ocorre antes, durante e depois de um espetáculo pode vir a despertá-lo? 
Cícero César
Radicado em Nilópolis, município do estado do Rio de Janeiro, Cícero César é doutor, mestre e especialista na área da literatura. É casado com a Layla, com quem tem dois filhos, o Francisco e a Cecília, a quem se dedica em tempo integral e um pouco mais, se algum dos dois cair de/a cama. Em suma, em seu ofício, é professor, escritor e pai de dois, não exatamente nessa ordem. É autor do petisco “Cartas para Francisco: uma cartografia dos afetos” (Kazuá, 2019) e do criativo “E se começasse assim” (Caravana, 2022).
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